Lá pelos meus 18 anos, já motorizado, universitário, com as obrigações junto aos estudos mas com os interesses totalmente voltados às companhias femininas, descobri o vinho. Inicialmente não pelo sabor e prazer que se poderia depreender da bebida em si, até por que à época e ao bolso de então a moda era beber aqueles famosos “garrafas azuis”, alemães de baixíssima qualidade cujo mérito único foi de introduzir o costume do consumo do vinho aos brasileiros, como foi o meu caso. O que mais me atraia na bebida, em verdade, era o poder sedutor que a acompanhava, o efeito junto à nossa convidada do abrir da rolha pelo garçom, do servir as taças, tudo bem diferente e superior ao espocar da latinha de cerveja ao ser aberta.
Desde então, inicialmente de forma lenta, meu gosto e interesse pelo vinho veio crescendo constantemente. Primeiro dos tais alemães passei aos portugueses frisantes, os chamados “Vinhos Verdes”, destes ás Astis Italianas, até chegar finalmente aos vinhos tintos secos. As importações em geral da época eram pífias, quem dirá as de vinhos, e assim iniciei pelos então muito incipientes vinhos nacionais, em especial aquele que acredito tenha sido o primeiro vinho brasileiro efetivamente “fino”, o Conde de Foucauld, um Cabernet Sauvignon que a Aurora produziu e que chegou a ser premiado na década de 80 na Europa.
Na década de 90 eu já era conhecido entre os amigos e os familiares como alguém que “conhecia” vinho, o que na verdade não passava de uma falácia à época. Constantemente requisitado por este círculo de relacionamentos a dar opiniões e indicações, me animei a fazer meu primeiro curso de vinhos. Estávamos, então, já na era pós Collor, com as importações liberadas que fizeram surgir muitas importadoras e lojas de vinhos e após vários cursos, em geral promovidos pelas próprias lojas comerciantes de vinho, me tornei um “rato de literatura vínica”. Todo o material a que podia ter acesso era devorado pela minha curiosidade e interesse na bebida. A esta auto-formação somei muitas degustações acompanhadas e degustações entre amigos, além de viagens com visitações a produtores e comerciante de vinho, e com o tempo, creio, o título de “connoisseur” que sempre me atribuíam passou a ser algo mais justo.
A partir de 2007 passei a assinar uma coluna de vinhos para a revista “ROTEIRO” de Brasília, onde residia à época, uma publicação que sempre muito me agradou pelo caráter informativo e despretensioso, dirigido ao público que frequenta a cidade e seus prazeres. O envolvimento com o néctar de Baco passou a crescer ainda mais, culminado com algumas consultorias e cursos que ministrei principalmente ao pessoal de restaurantes. Nascia, então, uma vontade de vir, um dia, a escrever um livro sobre o tema.
Finalmente, em 2012, publiquei meu livro “Cem Vinhos, Sem Frescuras” e, de lá para cá, continuei me dedicando à coluna da Revista Roteiro e em especial à degustação de vinhos pelo mundo.